Longitudinal

Há uns tempos, por estes lados, Elis e Elza mostraram como se perdoa começando com as simples palavras «Entra meu amor, fica à vontade». Hoje há um reforço para essa equipa.

Este fim-de-semana passaram pelos ecrãs das televisões diversas espécies de «repórter de frio». O repórter-que-não-tem-frio, o repórter-que-finge-não-ter-frio, o repórter-que-se-marimbou-para-as-aparências-e-agasalhou-se, o repórter-que-se agasalhou-demasiado-deixando-apenas-à-vista-os-olhinhos, o repórter-cujo-nariz-de-tão-vermelho-se-assemelha-ao-do-palhaço-batatinha. Qualquer que fosse a sua espécie, aposto que apenas uma coisa lhes passava pela cabeça: «matava para estar a apresentar o telejornal».

 «I wish it was, i wish it was...»

Se o Kennedy não tivesse levado um balázio, não se devia importar nada de vir cá hoje e dizer, desta vez com outras cores, «Ich bin ein gay». Porque, pura e simplesmente, ninguém tem de se meter na vida dos outros se isso não interfere um milímetro que seja na sua vida. Hoje, e só por hoje, aqui também se segue esse (possível) discurso do Kennedy.

É actriz e continua a ser actriz. Mas aos 60 anos, Fanny Ardant realizou um filme. Este filme, «Cinzas e Sangue». É surpreendente.  Uma história sem tempo nem lugar e, acima de tudo, fora de tempo. Um filme com o seu olhar sobre o peso dos valores desta família que, bem espremido, pode também ser sobre o valor família. E lá pelo final estremecemos com um grito (dela, descobri nesta entrevista ao  Carlos Vaz Marques). O encanto por esta mulher continua...

Houve iguana?

Estou agora a ir para casa com um taxista que acabou de ser roubado e agora está

a blasfemar contra o patrão jovem que só lhe deu uma garrafa de vinho e de azeite.

Como estás?

Estou estranhamente acordado a ouvir no ipod uma entrevista do

Carlos Vaz Marques e a lutar contra o sono. Diz ao senhor que o azeite é saudável.

Bom dia, o teu?

Eu também vinha a ouvir uma versão do Nat King Cole dos ojos verdes,

que me deixou muito bem disposta até ao drama do azeite.

Foi um dia produtivo até. A lutar por causa do Vaz Marques?

Estou a pensar que ando um bocado farto.

Quando ouço música triste sinto-me feliz.

(Lhasa de Sela)