fabrico próprio
Maio 31, 2010
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Maio 31, 2010
Maio 28, 2010
A digerir uma semana musical.
(Um fim de semana passado entre as pontas soltas do Parque da Bela Vista, Logolândia e Musicolândia, porque por mais que o neguem, ela está por ali. Disparada por colunas separadas por poucos metros. Ganha quem subir os decibéis. O festival é um campo de batalha. De barulho, luzes, câmara, acção. A minha música está mais alta que a do vizinho. O meu brinde tem mais cor. A fila para o meu brinde tem mais 10 pessoas. Mais dez pessoas que levam uns óculos da Pepsi, que nunca mais na vida vão usar. Isto não é uma crítica. É um elogio. A fila é uma fila é uma oportunidade. Quero o teu chapéu de palha. Quero o teu sofá insuflável (desculpa, sentei-me em cima dele e rebentou). Quero uma cabeleira. Mas também quero ouvir música. E ninguém pode dizer que não viu ninguém a ouvir música. Esse é a principal razão. "Music makes the people come together, Music mix the bourgeoisie and the rebels". Quer seja na relva desfalcada da Bela Vista ou nos sofás pós-guerras da Aula Magna. Na destreza vocal de uma Leona Lewis ou na hiper-sensibilidade de uns The XX. "I keep bleeding, keep, keep bleeding love", canta uma. "I am yours now, so now I don't ever have to leave", cantam os outros. É assim tudo tão diferente? "You could beg for forgiveness, as long as you like", ouvi eu do topo da malfadada Galeria do Coliseu dos Recreios. Grizzly Bear, mais estridentes do que dois dias de Rock in Rio. Mais estridentes do que uma vuvuzela, do que mil vuvuzelas, 10 milhões de vuvuzelas a soprar por Portugal. Mais estridente do que as mil colunas da Bela Vista. Mais estridente aqui. Cá por dentro. Um dia que passa, um dia que muda. E dos pés cansados na malfadada Galeria do Coliseu dos Recreios passo para os pés cansados no pó que já foi relva do parque da Bela Vista. Os Muse tentam ser maiores do que a vida. E são-no. Para todos aqueles que se juntavam à coreografia sincronizada de braços e braços e saltos e braços. A música não me fez feliz. A música não me juntou ao festim de rebeldes e burgueses. Foi o próprio festim que me endereçou o convite. E eu aderi, embora à distância e sereno. Até os pés (e as costas) desistirem.)
A digerir, de corpo cansado mas espírito são, uma semana musical.
Maio 28, 2010
Maio 27, 2010
Maio 20, 2010
Eu vi um papa a poucos metros e apenas uma vez. "Viemos mesmo na hora 'agázinha'", disse a senhora entusiasmada atrás de mim. Eu vi um papa ao longe várias vezes, entre ruído de fundo de pessoas distraídas. Eu vi um papa pela televisão a maior parte do tempo. E só aí pude ver a cara dele, poro a poro. Eu vi o Papa do tamanho de uma formiga, entre milhares de ombros e nucas. Vistos de cima, era eu a formiga entre formigas. O Papa voltou de avião (num diferente daquele que o trouxe). O Papa não me viu no meio da multidão mas também não acenei.
Maio 04, 2010
Maio 04, 2010
E é a gota de água. Katia Guerreiro ganhou o prémio de Melhor Fadista atribuído pela Fundação Amália Rodrigues. Antes de me levantar (e ir ao outro lado da casa bolçar um bocadinho a ver se passa) apenas digo que isto me enjoa. Fadista de cocktail de terceira. Fadista sem alma. Fadista sem ser fadista. Fraude-fadista. Fado fraude. E o fado não pode ser uma fraude. Na capa de um dos álbuns (e ela (espanto-me!) já tem quatro ou cinco) a Katia tem as mãos atrás das costas. Está nas Mãos do Fado. Podia ser útil e usá-las para tapar a boca. Ou, se insistir o suficiente, para me tapar os ouvidos.
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