Durante uns anos, aqui por Lisboa, utilizei os autocarros como quem passeia entre dois sítios, a quilómetros de distância, e não como forma de me deslocar de um local a outro.
Nas primeiras semanas que passei na cidade, já depois de deixar de recear sair dos limites de segurança de cada um dos meus locais familiares, cheguei a entrar em autocarros apenas para fazer todo o percurso até ao final. Depois, com juízo, regressava na volta das voltas e sentia-me um bocadinho mais lisboeta.
Hoje, anos depois de um jejum entre o voluntário e o involuntário, voltei a entrar num autocarro com o mesmo sentimento com que entrava há poucos anos. Também se ganham forças quando nos temos de habituar ao outro e em vez de encolhidos num banco nos passamos a sentir aconchegados.
E voltei a acreditar um pouco mais nesta cidade.