"O que é que os selvagens podiam entender sobre um relâmpago?"
Abril 21, 2016
"Tínhamos medo da bomba, do cogumelo atómico, mas a vida deu uma volta diferente... A tragédia de Hiroxima é assustadora, mas conseguimos entendê-la. Aqui... Sabemos como arde uma casa incendiada com um fósforo ou um projétil, mas isto aqui não se parece com nada. Chegavam rumores de que era um fogo extraterreno, não era um fogo sequer mas uma luz. Uma cintilação. Uma resplandescência. Não era bem azul, mas um azul-celeste. E não era fumo. Dantes os cientistas estavam instalados no lugar dos deuses, agora são anjos caídos. Demónios! A natureza humana era e continua a ser um mistério para eles. Sou russo, da região de Briansk. Sabe, lá pode ver um velho sentado À porta,a casa está torta, prestes a cair, mas ele filosofa, reorganiza o mundo. Encontra-se sempre um Aristóteles em qualquer sala de fumo duma fábrica. Junto a um quiosque de cerveja. E nós, ao pé do reator..."
(Víktor Latún, fotógrafo - Vozes de Chernobyl, Svetlana Alexievich)
"Nós... Estou a falar de todos nós... Nós não esquecemos Chernobyl, não o tínhamos entendido. O que é que os selvagens podiam entender sobre um relâmpago?"
(Valentin Borissévitch, antigo chefe do laboratório do Instituto de Energia Nuclear da Academia das Ciências da Bielorrússia - Vozes de Chernobyl, Svetlana Alexievich)