Em Chernobyl, a tomar nota do futuro
"- Já não podemos, como os heróis de Tchékhov, acreditar: daqui a cem anos o homem será belo! A vida será bela!! Perdemos este futuro. Passados cem anos, houve o gulag estalinista, Auschwitz... Chernobyl... E o 11 de Setembro em Nova Iorque... Não dá para perceber como é que tudo isto se dispôs e coube na vida de uma geração, na sua dimensão. Por exemplo, na vida do meu pai, que tem agora oitenta e três anos? O homem sobreviveu?
- O que lembramos mais de Chernobyl é a vida depois de tudo: as coisas sem o homem, as paisagens sem o homem. O caminho para o nada, cabos para o nada. Chega-se a duvida, o que será: o passado ou o futuro?
- Às vezes parecia-me estar a tomar nota do futuro..."
(Vozes de Chernobyl, Svetlana Alexievich)
(Fotografias: Guillaume Herbaut)