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Longitudinal

Dos autocarros

Junho 16, 2010

 

Durante uns anos, aqui por Lisboa, utilizei os autocarros como quem passeia entre dois sítios, a quilómetros de distância, e não como forma de me deslocar de um local a outro.

Nas primeiras semanas que passei na cidade, já depois de deixar de recear sair dos limites de segurança de cada um dos meus locais familiares, cheguei a entrar em autocarros apenas para fazer todo o percurso até ao final. Depois, com juízo, regressava na volta das voltas e sentia-me um bocadinho mais lisboeta.

Hoje, anos depois de um jejum entre o voluntário e o involuntário, voltei a entrar num autocarro com o mesmo sentimento com que entrava há poucos anos.  Também se ganham forças quando nos temos de habituar ao outro e em vez de encolhidos num banco nos passamos a sentir aconchegados.

E voltei a acreditar um pouco mais nesta cidade.

 

Autocarro 767 (pelas 10h30)

Novembro 21, 2009

 

(Um casal de velhos entra na paragem da Alameda. Ele vai, em passos muito muito pequenos para o banco que fica por trás do lugar do condutor. Ela remexe na mala até à paragem seguinte. Finalmente encontra a carteira e compra dois bilhetes. Avisa o marido que se vai sentar num banco mais atrás. Ele não reage. Desde a Alameda até ao cruzamento da Avenida de Roma com a Avenida do Brasil ele fica a olhar para o cartaz que divulga uma das novidades da Carris. Ela chama-o.)

 

- Ó Zé, sabes onde é que estamos?

Ele acena com a cabeça. Sim, ele sabe. Ela não parece convencida.

- Ali é o Júlio de Matos. Nós morávamos lá mais para baixo, na Rua Fausto Teixeira. Lembras-te?

- Pois, pois.

Ele volta a olhar para o cartaz da Carris. Agora é ele que não parece convencido. Ela mete conversa com um senhor gordo que vai sentado ao lado dela. Quando estão quase a chegar ao Campo Grande, à zona perto da estação de metro, o homem vira-se para trás. Espera que ela olhe para ele.

- Olha, ali é o estádio do Sporting...

 

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