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Longitudinal

Uma partida

Dezembro 07, 2023

Uma asa espalmada numa largueza de voo rasante, um crânio exposto em despudorada nitidez, entranhas desordenadas servidas em bufete.

Da anatomia dos pombos sei apenas o que vejo no asfalto.

 

No céu do meu quarto, há uma mancha de humidade em forma de pássaro. 

Mas hoje, o que vejo quando acordo e espreito pela janela é um pombo de peito para cima, apontado às nuvens.

O pássaro sorri, no eterno repouso trocista a que os defuntos se dedicam, como quem se prepara para pregar uma partida. 

Portanto não dorme, está morto. Mas sorri, está morto.

 

Assim que lhe virar as costas, o pombo abrirá um olho para verificar se ninguém o vigia. Rebolará para um dos lados e, por fim, voltará a voar. 

Isto se a morte fosse uma partida e não a partida.

 

Mastigo o pequeno-almoço de olhos presos naquele corpo cinza.

Temo que o pombo ali fique, a aprodrecer à minha frente, reclamando a sua desaparição por um qualquer necrófago.

Ou então que se mantenha por ali em troça, animal empalhado sem sala de estar para repousar.

Não é troféu, nem ave de estimação.

 

Vejo-o de novo enquanto me visto.

Mantenho-o sob o meu olhar a partir da janela da cozinha, da janela da casa de banho, da janela do quarto das minhas filhas, da janela do nosso quarto, da janela da sala, até sair pela porta.

Ou até me esquecer dele.

 

Mas, na verdade, quando regresso tento procurá-lo.

O pombo morto, estendido no telhado do prédio em frente, desapareceu.

Imaginem se a morte fosse a partida e não uma partida.

 

 

 

Um muro

Dezembro 04, 2023

 

Um longo muro que fala e se cala ao longo dos 200 metros, mais coisa menos coisa, que temos de percorrer a seu lado. Deixa-me sempre a cismar nos nomes e nos desenhos que o apanharam de surpresa antes de serem apagados, nas mensagens que foram rapidamente soterradas por uma tinta que nunca é igual à anterior. Há um rasto inesperado a cada passo, um padrão de geometrias variáveis, cores e bolores, que tornam o muro mais espalhafatoso do que se estivesse coberto de grafíti. Camada sob camada. Ou será camada sobre camada?

 

 

Fazer um pum

Maio 19, 2023

Girl-with-Bears-Royal-Museum-of-Scotland-Edinburgh

(Girl with Bears, Wendy McMurdo, 1999)

 

A Júlia diz: "eu fiz um arroto". 
A Júlia, quase a pôr as mãos nos quatro anos, diz-me: "eu fiz um pum".
 
Ela não dá um pum, nem um arroto. Ela é a responsável pela sua existência. Faz e valoriza cada uma dessas interrupções do quotidiano como um fenómeno surpreendente. Di-lo sempre a sorrir.  Faz troça do mundo, uma ventosidade de cada vez.
 
A Júlia faz coisas. Todos os dias.
Todos os dias ocupa-se de coisas pela primeira vez, pela segunda vez, pela terceira vez, pela centésima  vez. O mundo acontece, ininterruptamente, à sua frente - embora suspeite que a Júlia acredita que o mundo, na verdade, anda atrás dela.
 
Mesmo quando as coisas não são novas - um jogo, cavalitas, um truque de magia, cócegas, tão-balalão, um filme de animação - reage com um entusiasmo primordial. Há um maravilhamento reservado a quem ainda faz os seus puns e arrotos.
 
A Júlia diz: "repete!"
A Júlia, a andar à frente do mundo, diz-me: "outra vez!"
 
De cada vez que ela anuncia mais um feito, planta em mim uma inquietação.
Não me consigo lembrar da última vez que fiz alguma coisa.
 
 

Outras formas de medir o tempo

Abril 07, 2023

 

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Uma torrada queimada.
O virar da última página de um livro volumoso. 
Um estudante do secundário a tratar-me por senhor. 
Quando concluo um percurso e me apercebo, só no final, que o fiz de forma automática.
 
Corto o cabelo de seis em seis meses.
Aguardo por esse momento para investigar os novos cabelos brancos. 
 
Um minuto, bem contado, pode durar menos do que um suspiro. Pode ser ainda a medida de distância entre dois aniversários.
 
Todos os dias, ao chegar à escola da minha filha mais nova, dispo-lhe o casaco e penduro-o num cabide onde estão também os casacos das outras crianças. Há duas semanas, o volume de todos aqueles casacos dificultava a tarefa. Esta semana reparei que o pendurava tranquilamente, embora o número de peças de roupa se mantenha. Este gesto despertou-me mais para a mudança de estação do que qualquer notícia sobre o equinócio da Primavera. (Mais até do que olhar à minha volta, para o mundo). 
 
Perto de minha casa, alguém desenhou um rosto azul escuro na fachada de um prédio azul claro. Um desenho simples, um traço a fazer de sorriso, dois círculos a fingir de olhos arregalados e dois pequenos pontos que garantem ao olhar uma aparência mais simpática. Passei por esse rabisco durante meses e julguei-o sempre uma coisa disparatada, embora inocente. Até o ter descoberto à noite. Era outra coisa, além de uma cara sorridente tinha um propósito. Até hoje não consegui decifrar qual, provavelmente esse mistério faz parte do plano. A sombra de um sinal de sentido proibido tornava-a uma entidade que sorria imperturbável a quem passasse por aquele cruzamento. Podíamos aguardar o dia inteiro para a encontrar, ou simplesmente marcar encontro à hora do raiar da iluminação pública. No meu caso, descobri-a num regresso do supermercado, carregando aos ombros uns sacos pesados. A partir desse momento, passei a tratar aquele rabisco como um vizinho. Mais tarde, com o passar dos meses, como um velho conhecido. A expressão serena com que nos mirava espelhava a nossa desordem interior. Podia lançar um olhar reconfortante ou compassivo, até inquisidor. Nunca senti porém que me olhasse de forma altiva. Obviamente era eu que o carregava de sentidos, não alucinei por completo. Era apenas uma cara pintada numa parede. Era mesmo? Há uns meses, houve uma intervenção mesmo em frente à fachada desse prédio azul claro, de modo a tornar a zona mais acessível para todas as pessoas. Trocaram o pavimento, rebaixaram o passeio e, para que isso acontecesse, o sinal de sentido proibido foi deslocado meio metro para o lado. Como o poste de iluminação permaneceu no mesmo lugar, a sombra que anteriormente caía sobre o rosto rabiscado deixou de o fazer. Se, por um lado, a sombra parecia agora um espectro ao abandono, por outro lado, o velho conhecido que tantas vezes cumprimentei naquela esquina, passou a ser apenas uma cara, tanto de dia como de noite. Talvez os proprietários do prédio tenham sentido o mesmo. A verdade é que, pouco tempo após as obras no passeio, o rectângulo de parede foi pintado num azul ainda mais claro do que o do edifício. A cara deixou de ali estar, mas é nela que penso sempre que ali passo. Não esquecer o que já desapareceu, e conseguir recordar essa galáxia de coisas, pessoas, sons, odores, comoções com propriedade, ainda é uma das formas mais seguras de contar o tempo que passa.
 

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Começar o ano de luvas na mão

Fevereiro 16, 2023

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Comecei o ano de pé ao alto, deitado ao comprido numa marquesa, para fintar um joelho débil. Comecei o ano a esfregar lixívia contra as paredes de casa com o vigor de quem inaugura um calendário, mas de luvas na mão para escapar aquela barrela translúcida. No segundo dia de 2023, que na verdade é o primeiro porque no dia que o antecede ainda ninguém acordou, ninguém quis despertar para a novidade, ainda que seja apenas um algarismo que muda de um minuto para o outro, um dia a mais, um ano a menos; dizia eu que no segundo dia do ano, que foi o mais luminoso até agora, embora isso não signifique grande coisa porque passou apenas um mês e meio; no segundo dia do ano, bolas, limpei mofo das paredes e iniciei um novo ciclo de fisioterapia.
 
É sempre a mesma canção. Enquanto as estações frias cobrem os céus de nuvens ora negras ora límpidas, salpicam o chão e as cabeças de gotas à procura de amparo e nos enganam nos dias ímpares com dias de uma claridade que já nem julgávamos possível, os tectos de minha casa e de tantas outras são tomados por um manto de nebuloso mofo. Adormeço, que é como quem diz, fecho as pálpebras por uns segundos-minutos-horas-dias, e quando as abro de novo os tectos outrora brancos tornaram-se uma tela salpicada de negro. A partir do meu travesseiro, vejo o mofo a formar um trilho do qual não distingo o fim do início, chegando a duvidar se haverá mesmo final ou se a invasão ainda nem começou.  Naquele canto do quarto, o mais longínquo de mim, assisto já sem pasmar à metamorfose lentíssima de um outro ser vivo.
 
O tecto da clínica de fisioterapia é branco, apenas maculado por quadrados com lâmpadas tubulares. Perna para cima, a ponta do pé bem esticada. Descubro-me demasiadas vezes especado, de olhar fixo nessas luzes no vaivém de exercícios. Joelho contra o peito, na direção da anca. As paredes da clínica de fisioterapia são também brancas. Em algumas delas semearam frases motivacionais, que a pouco e pouco se convertem em recriminações veladas: "é parte da cura o desejo de ser curado", "a sua atitude no início de um tratamento definirá em muito o êxito dele". Todos os dias, termino de joelho bem puxado junto ao peito, agarrado a uns elásticos que somam resistência ao movimento e põem a nu a desolação muscular. Todavia, e embora a rádio despeje sempre à mesma hora, qual recitação do terço, uma canção de um tipo espanhol sobre as suas férias em Portugal, insisto. "A cada dia um ai, a cada ai uma conquista." 
 
Lá em baixo, a luz era diminuta. Permitia, ainda assim, fitar os joelhos do senhor à nossa frente. Um turista francês, possivelmente sexagenário, talvez septuagenário, com um tronco enorme que, não fossem as pernas esguias, poderia denunciá-lo como um sempre-em-pé. Foi há alguns anos, numa viagem à ilha do Pico, quando dei por mim numa gruta com cerca de 1500 anos. Dei por mim é mero recurso expressivo. Na verdade foi uma visita guiada com dia e hora marcados. A Gruta das Torres é, garantia o folheto, o maior tubo lávico do país, e do caminho subterrâneo que a lava abriu de jorro, calcorreei apenas quatro centenas de metros. De algumas partes do tecto pendiam estalactites, diferentes das que conhecia das grutas calcárias do continente, pequenas gotas polidas. As estalactites das grutas calcárias são um testemunho da duração, têm a assinatura dos minerais que aguardaram com pacatez a sua vez de se eternizar em rocha. Aquelas eram testemunhas de um momento em que tudo queimava, como lágrimas de Pompeia. Pingos de lava que arrefeceram enquanto mergulhavam e ali ficaram como flagrantes fotográficos. Não vão crescer até ao solo. Mais à frente, numa zona mais profunda, lá estava ele. O bolor.
 
Perdi horas a procurar mistelas milagrosas para erradicar o mofo das paredes de casa. Nos supermercados há uma extensa gama de produtos que prometem fazê-lo. No YouTube, existem centenas de vídeos que procuram explicar em detalhe o que usar, e como o usar, para alcançar resultados inacreditáveis. Água com sal. Limão. Vinagre, mas do branco, nunca do balsâmico. Bicarbonato de sódio. Lixívia. Nenhum deles. Combinar todos sem qualquer ordem. Aplicar uma camada e deixar actuar. Atacar à primeira, sem perdão. Experimentei todos, misturei técnicas. Vi o bolor a desaparecer diante dos meus olhos irritados pela emanação das soluções corrosivas. Sob a acção da lixívia, o bolor torna-se amarelado e começa a ensaiar uma saída de ilusionista, borbulhando até ao próximo truque. 
 
Na gruta da ilha do Pico, o guia era um miúdo que devia ter nascido nos Estados Unidos e vindo viver mais tarde para a ilha onde teria raízes familiares. Tinha um sotaque nova-iorquino e era nesse registo que nos avisava para termos cuidado com as paredes da gruta. O bolor que as cobria fazia parte da fauna daquele espaço, éramos nós os intrusos. Subitamente, o aviso foi cortado por um urro que ecoou pelos túneis. O turista francês tropeçara e arrastara o braço pelo bolor para se amparar, apagando séculos de vida pelo caminho. O rasto do braço ficou marcado na parede da gruta, impressão digital contra o tempo, pintura rupestre fora de época. Nesse momento sorri. Voltei a sorrir quando poucos metros à frente o homem cedeu ao desiquilíbrio e tornou a arrastar-se pelas paredes, arrebatando consigo um pedaço da História daquele espaço.
 
Nessa altura, eu nunca tinha sido obrigado a olhar o mofo olhos nos olhos. Não sabia que há bolores que parecem ter uma camada de pêlo sobre si. Encontro-os sobretudo atrás dos móveis. Antes de desaparecerem, se não tivermos cuidado, lançam-se no ar como pólen. Há também bolores muito negros, com textura de tinta acrílica. Aparecem sobretudo na casa de banho e deixam uma marca ténue na tinta da parede quando desaparecem. No fundo, é como se nunca desaparecessem. Se os deixarmos sossegados durante demasiado tempo, ganham mais personalidade. A sua marca torna-se mais perene. Por isso, limpo. Por isso, esfrego com o tal vigor inaugural. Talvez por isso insista num joelho que continua a ranger. Faço um gesto para apagar, para erradicar, para tornar alvo o que nunca foi imaculado. E, pelo caminho, deixo uma outra marca. O turista francês sou eu.

Resposta sem altura

Agosto 23, 2022

1509.jpeg

(The Birthday Party, John Singer Sargent, 1887)

 

As crianças fazem muitas perguntas, mesmo para além da idade dos porquês, nesse horizonte imenso em que temos de lhes explicar não só a causa das coisas, mas o esqueleto das coisas, o frente e verso das coisas, a costura das coisas, as coisas que não são coisas, a ter de justificar os sins e os nãos, nem sempre o talvez. Todas as perguntas merecem resposta, ainda que por vezes nos apeteça deixar essa resposta pendurada e apenas acabemos por replicar alguma coisa, enfastiados. Complicado é, no entanto, quando as respostas não estão à altura das perguntas.
 
Há um par de meses, o teatro onde trabalho fez anos. Na manhã do dia de aniversário, a minha filha mais velha perguntou-me: "Vão construir coisas?". Devolvi-lhe outra pergunta, por que razão iríamos ocupar um dia de festa com obras? Esclareceu-me prontamente. Não seriam umas obras quaisquer. A Salomé queria saber se íamos construir mais um piso, em baixo ou em cima pouco interessava. Seriam as obras necessárias para o teatro crescer. Não é isso que acontece connosco à medida que somamos mais anos? E se os edifícios não crescem sozinhos, talvez tenhamos de ser nós a ajudá-los nessa tarefa. Não faz sentido - sob este ponto de vista, um arranha-céus seria o mais ancião dos edifícios e uma vivenda térrea um imóvel eternamente jovem -, mas é uma pergunta que escancara as portas da cabeça de quem a fez e que areja as nossas pelo caminho. Não encontrei resposta à altura, senão sorrir antes de saírmos de casa nessa manhã.
 
É uma pergunta curiosa, partindo dela. Afinal, a Salomé nem dá conta de que as suas pernas crescem de dia para dia. Não relaciona os trambolhões que dá com as nódoas negras que vão aparecendo nessas pernas esguias em obstinada expansão. No entanto, reconhece esse crescimento nos outros, até num edifício que tem pouco espaço para aumentar. A Salomé consegue espantar-se quando os sapatos deixam de lhe caber nos pés, quando aquele par de ténis, o preferido, começa a torcer-lhe os dedos. Não reconhece que é inevitável. Todavia a Salomé segue, a crescer sem dar por isso, rumo àquele instante em que, também sem nos apercebermos, o corpo decide parar de se esticar, e a partir do qual só nos resta desejar que as respostas estejam à altura da nossa altura e que consigamos evitar que o mundo nos pareça mais e mais pequeno. Nessa estação sempre-viva, as respostas passam a suscitar um medo maior e mais persistente do que as próprias perguntas.
 
"As pessoas são infinitas?", perguntou-me a Salomé há poucas semanas. Não queria saber se somos eternos, nada disso. Queria saber se estão sempre a irromper pessoas novas no mundo para compensar aquelas que nos deixam. Uma vez mais, não encontrei uma resposta certa. Todas se apequenaram, medrosas.
 

Esticar a corda

Março 02, 2022

IMG_20211208_170039.jpg (2)

 

No final do ano passado, juntei-me a um grupo intrépido, sensivelmente guiado pela Susana Moreira Marques, no curso "Mais próximo do mundo" da Associação Cultural Mombak. Desse processo - e tendo como ponto de partida algo que escrevi neste blogue em Agosto passado - nasceu este texto, sobre avós, esquecimento e recordações, sobre a genealogia como processo amplo e inconstante e não como propriedade estanque. Escrevi-o como se ainda fosse um miúdo de 10 anos. É portanto o gesto ingénuo de um rapaz que gostava de acreditar no poder revigorante da memória.

Podem lê-lo seguindo este link: https://www.revistapessoa.com/artigo/3438/esticar-a-corda

(Em Março, a Susana regressa com um novo curso - "Na primeira pessoa" - e as inscrições estão abertas. Avancem!)

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