Rua Dona estefânia (pelas 21h35)
Novembro 19, 2009
Alguém carrega um micro-ondas porta fora enquanto o Antony canta para o meu ouvido esquerdo. O phone direito está avariado. Abriu há uns meses um restaurante de alta cozinha chinesa, o que quer que isso seja, e do outro lado da rua uma filial da Igreja Mundial do Poder de Deus, o que quer que isso seja. Os meus sapatos fazem um barulho embaraçoso. Não é do suor. É dos pés. Têm defeito. O largo tem mais gente do que o habitual e quatro polícias estão plantados em vários pontos à volta da rotunda. Na verdade eram apenas dois. Menti. O senhor dos cães que gosta de provocar confusão está a chegar a casa. A casa dele é um descampado onde há uns anos era o Casal de Santa Luzia. Toda a gente ainda chama Casal de Santa Luzia aquela terra de ninguém. Que agora «pertence» a esse senhor truculento que anda sempre com um garrafão de água na mão. Também menti. Ele não estava lá. Mas é habitual e desta vez senti falta. Menti de novo. Tenho acordado com os pés muito frios.