Longitudinal

Aqui em cima Barack Obama saboreava um pêssego. Se lhe tivessem dito (isto foi em Julho) que ia ser o próximo Nobel da Paz talvez se tivesse engasgado. Ontem, o que quer que estivesse a fazer quando soube, de certeza que também se engasgou.

Houve surpresa (confesso que sim) e indignação (isso já não passou por aqui). Obama está há menos de um ano no cargo e os Nobel vão direitinhos para aqueles que já fizeram «tudo» o que podiam fazer. As excepções acontecem e não vem mal nenhum ao mundo se Obama acabar por ser uma delas. Bem pelo contrário. O trabalho de Obama não é assim tão irrelevante.

Mas, no fundo, os Nobel são apenas prémios (apesar do valor simbólico). E aquilo que parece ser um voto de confiança e um incentivo pode muito bem ser mais um peso para o já obeso fardo do senhor presidente. Voltando ao pêssego... O Nobel pode ser sumarento mas de certeza que também tem caroço.

Foto: Pete Souza (no flickr da Casa Branca)

O título é a frase «apocalíptica» desta entrevista a Gore Vidal (e tinha de ser). Mas nas palavras dele, logo após referir essa tal ditadura que tomará conta dos E.U.A., há uma ideia que, apesar de ser quase um lugar-comum, desanima a valer.

Obama would have been better off focusing on educating the American people. His problem is being over-educated. He doesn’t realise how dim-witted and ignorant his audience is.

(entrevista encontrada através do Senhor Palomar)